quarta-feira, 24 de setembro de 2014

10 pontos positivos para o estudo de Ciências Contábeis

Iniciei o curso de Ciências Contábeis sem saber ao certo o porvir, dado que não tinha pessoas próximas que labutassem com a Contabilidade e que me orientassem a seguir a profissão.
Assim, iniciei um voo cego. Porém, minha intuição foi mais forte, e algo me dizia que, à frente, encontraria espaços para pousos e decolagens seguros, ante o mergulho no conhecimento dessa ciência.
O início dessa jornada se deu em 1996 na Universidade Católica Dom Bosco, em Campo Grande/MS. Após cursar os dois primeiros anos, transferi-me para Belém/PA e lá ingressei na Universidade Federal do Pará, instituição na qual fui diplomado em maio de 2001. À época, era militar, ocupando a função de Sargento-Especialista em Meteorologia Aeronáutica, e a remoção de um lugar para o outro era uma realidade constante.
Não foi fácil frequentar as aulas noturnas nas duas instituições acima mencionadas. Peguei muito ônibus lotado, cheguei atrasado diversas vezes, troquei muitos serviços a fim de comparecer às aulas, além de ser abençoado com chuvas, quer fossem pantaneiras ou amazônicas. Mas o lema era perseverar.
Esta breve introdução talvez se assemelhe com a realidade de muitos estudantes que, assim como eu, querem alçar voo, controlar suas rotas e escolher onde pousar. Dessa forma, com a percepção adquirida no passar dos anos, arrisco em delinear dez pontos positivos que motivam o estudo de Ciências Contábeis. Vamos a eles:
  • 1) Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação, ao divulgar o Censo da Educação Superior, 328.031 matrículas foram registradas no curso de Ciências Contábeis em 2013. Segundo levantamentos que efetuei, 205.198 matrículas ocorreram em 2009; 224.228 em 2010; 239.488 em 2011 e 313.174 em 2012. Significa dizer que a procura pelo curso aumentou, sendo o quarto maior em número de matrículas. Isto reflete, em grande parte, as oportunidades oferecidas tanto pelo mercado quanto pelo setor público;

  • 2) O Conselho Federal de Contabilidade divulgou que o número de profissionais de contabilidade registrados atingiu meio milhão em todo o Brasil. É um forte indicativo de que a classe contábil está se fortalecendo e que há campo de atuação profissional disponível. A cada ano, mais registros são efetivados;

  • 3) De acordo com a proposta nacional de conteúdo para o curso de graduação em Ciências Contábeis, deve ser disponibilizado aos graduandos disciplinas como Matemática Financeira, Economia e Administração, possibilitando o conhecimento dos fenômenos numéricos, da dinâmica da economia mundial e da visão ampla da evolução das organizações;

  • 4) Nessa formação básica, também é franqueado ao aluno debruçar-se sobre os meandros do Direito Comercial, Direito do Trabalho e Direito Tributário. São ramos do Direito que dão sustentação profissional na atuação do Contador, no conhecimento da legislação;

  • 5) No conteúdo de formação profissional, o aluno mergulha na Contabilidade Básica, Contabilidade de Custos, Contabilidade Societária e Contabilidade Avançada. Essas são disciplinas mestras para a compreensão e atuação do Contador na área privada;

  • 6) Em outra vertente da formação profissional, o graduando conhece disciplinas como Gestão de Finanças Públicas, Contabilidade Pública (ou Contabilidade Aplicada ao Setor Público), Planejamento e Contabilidade Tributária. São disciplinas essenciais para conhecer o funcionamento da Administração Pública, seja na arrecadação ou pagamento de tributos, seja na contabilização do orçamento e das despesas públicas;

  • 7) Um terceiro ramo da formação profissional propicia ao aluno o conhecimento quanto ao que foi contabilizado, evidenciando procedimentos, emitindo laudos e relatórios, ao estudar Auditoria, Perícia e Análise das Demonstrações Contábeis;

  • 8) Já o conteúdo das disciplinas optativas, pode oferecer o estudo de Contabilidade Aplicada ao Agronegócio (ou Contabilidade Rural), Contabilidade de Instituições Financeiras, Contabilidade de Seguradoras, Contabilidade de Hospitais, dentre outras. Como se vê, há um leque de conhecimento para áreas específicas, cuja atuação do Contador é preponderante;

  • 9) Para o exercício da profissão contábil, é exigível do Bacharel em Ciências Contábeis ou do Técnico em Contabilidade, a aprovação no Exame de Suficiência, exigindo-se conhecimento na maioria das disciplinas acima mencionadas. Isso propicia um nível mais elevado de qualificação técnica dos profissionais no mercado, forçando-os à busca pelo conhecimento. Também é de se destacar o Exame de Qualificação Técnica para Auditores, o que proporciona profissionais com alto conhecimento técnico e que podem auditar instituições financeiras, do mercado mobiliário e da área de seguros;

  • 10) Por derradeiro, é oportuno mencionar que a partir da formação em Ciências Contábeis, vários são os casos de profissionais de sucesso, sejam Contadores com escritório de contabilidade pública ou privada, sejam auditores independentes, peritos judiciais e extrajudiciais na área cível, trabalhista e tributária, auditores ficais das receitas federal, estadual e municipal, auditores dos tribunais de contas, auditores de controladorias, analistas do Banco Central e demais instituições financeiras públicas e privadas, analistas dos tribunais do judiciário, professores e tantos outros. 

Os dez pontos acima representam apenas uma lista exemplificativa, não exaustiva, ou seja, muitas análises ainda podem ser realizadas, a partir das constatações do que oferece o curso de Ciências Contábeis.
Mas é bom que se diga a verdade. Não basta matricular-se em um curso de Ciências Contábeis, é preciso dedicação, perseverança e, acima de tudo, acreditar. Nada vem sem esforço.
No meu caso, aprofundei conhecimentos nas disciplinas ligadas à gestão pública, aquelas mencionadas no ponto seis acima. Segui o caminho do setor público. Como resultado de horas e horas de estudo, logrei aprovação em concurso para Auditor Fiscal do município de Teresina/PI, Controladoria-Geral da União e Tribunal de Contas da União, sendo este último, o órgão onde exerço as funções de Auditor Federal de Controle Externo, tendo sempre em mente os conhecimentos adquiridos em Ciências Contábeis.
Como o conhecimento é algo que deve ser perseguido na vida, resolvi obter a formação em Direito. Entendo que essas duas áreas se complementam, cada uma com suas particularidades, semelhanças e riquezas a serem exploradas. No entanto, reconheço que o curso de Ciências Contábeis alçou meu voo, muito embora tenha sido um voo cego no início.
Dessa forma, deixo minha contribuição nestas breves palavras, cuja intenção é permitir a reflexão, motivação e encorajamento daqueles que iniciam seus estudos em Ciências Contábeis.

* Renato Santos Chaves
Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União. Bacharel em Ciências Contábeis (UFPA); Bacharel em Direito (UFPI); Especialista em Auditoria e Controladoria (Unama/PA); Especializando-se em Direito Constitucional e Controle na Administração Pública (UFPI/TCE-PI). Autor do livro Auditoria e Controladoria no Setor Público – Fortalecimento dos controles internos – com jurisprudência do TCU (Juruá Editora, 2ª edição, 2011). Site:www.contas.cnt.br (Contador: PA-011215/O-1 T-PI).
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